19 de janeiro de 2010

Resenha: A gramática: história, teoria e análise, ensino.


Neves (2002) inicia o capítulo referente as questões ligadas ao ensino da gramática, sugerindo um questionamento sobre o que se pretende e o que se deve pretender com esse ensino e qual o papel da gramática dentro dos objetivos gerais do ensino de português no ensino fundamental e médio. Em seguida explica que a produção de texto e a gramática não são atividades distintas e mostra a necessidade de não se restringir ao estudo isolado dos itens, tendo-se em vista que as peças que compõem o texto cumprem funções específicas.


Maior relevo debita, para esse nível de ensino ao tratamento funcional da gramática, que trata a língua na situação de produção, no contexto comunicativo.

Quanto a gramática do português escrito ou do português falado, o que se deve ter como alvo é a competência que envolve o uso real dos enunciados nas diversas situações. A fala e a escrita não são dois pólos opostos. Mesmo dotadas de algumas características próprias, há um mesmo mecanismo gramatical que sustenta o processo e que garante o uso, sendo certo que é pelas propriedades comuns diferentemente aproveitadas que se resolve o uso dos diversos elementos que organizam os enunciados.

Da importância da vertente tradicional dos estudos gramaticais e a contribuição das teorias mais recentes ressalta a autora que o empasse se resume em duas atitudes principais – uma positiva, considerando que os antigos tiveram “boas intenções”; uma negativa, responsabilizando o tratamento tradicional da gramática por todos os males do ensino em geral.

Em meio às discussões a normatividade continua intocável. Todavia um lembrete: “se a gramática não tem que ver com a norma, por outro lado o desempenho eficiente, em certos requisitos, depende da conformação do texto a determinados padrões vigentes e aceitos na sociedade.

Questões bastante polêmica gira em torno das relações entre pesquisa acadêmica e ensino fundamental e médio, da qual se extraí a penas questionamentos e a conclusão de que o que não terá havido – e não está havendo, no geral – é diálogo.

O registro a ser trabalhado na escola: a defesa da norma padrão e o respeito ao registro (popular) do aluno gira em torno da interação. Nesse sentido o que se espera da escola é que ela se esforce para prover à criança toda a apropriação de vivências e de conhecimentos que lhe assegure um domínio lingüístico capaz de garantir a produção dos textos adequados às situações, de modo que ela possa ocupar posições na sociedade. É sabido que grande parte dos alunos do ensino fundamental e médio entra para a escola com uma apropriação de padrões lingüísticos bem distantes dos que a sociedade aceita e respeita. Contudo ao aluno não deve ser dito que a forma que ele expressa é errada, é apenas diferente, e, dependendo da situação é inadequada, existindo, portanto, as variantes que podem ser usadas para adequar-se às situações diversas, levando-se em conta, a heterogeneidade da nossa língua.

Fundamental importância debita à atualização do professor, que deve estar em permanente interação com fontes de irradiação de conhecimento e a sua integração na ação pedagógica, resumindo em uma ação continuada.

O livro didático, criticado por muitos professores, divide com os mesmos, a responsabilidade, exigindo um plano de ação.

A busca de vilões para transferirem as culpas dos problemas, leva a elegerem, dentro da sala de aula – o livro didático, e fora dela – a televisão. Esquecendo-se que a leitura é outra história. Mesmo antes da era eletrônica o brasileiro não lê, motivo pelo qual a televisão tem mais espaço na vida do povo brasileiro que os povos do resto do mundo.

O mesmo fenômeno que ocorre com uso da televisão, repete-se com o computador, que pode ser encarado pelos dois lados da questão, negativo e positivo. Todavia deve-se enfatizar que a desvalorização da ação da escola e o abandono do hábito do estudo precisa ser analisado no complexo de que faz parte.

A mudança ocorrida no perfil do professor estabelece uma diferença entre o professor de hoje e o professor do passado, colocando-os em pólos opostos. Onde no passado era alegria, hoje é vergonha, onde se via uma imagem de carinho, confiança e respeito, hoje nada mais resta senão o sentimento de pena.

O ensino da gramática

Neste tema a autora direciona especial atenção à natureza da gramática tratada nas escolas, donde mostra o limite imposto pelo livro didático; o que significa, para muitos professores, “escrever melhor”; traça um paralelo entre a gramática oferecida e a aprendizagem cobrada e aborda a posição do texto que é destrinchado e separado em palavras e frases que ganham fora dele vida autônoma, cada uma com sua gramática, levando os professores a concluir que o ensino de gramática que empreendem “não servem para nada”.

Analisando a palavra como unidade menor e o texto como unidade maior a investigação da língua em função, conclui-se que apesar de ser com as “palavras” que o usuário da língua exercita com maior facilidade a metalingüística, não justifica centrar o ensino da gramática na unidade palavra sem relaciona-la ao texto.

Num trabalho de amostragem da gramática de classe é mostrado, com exemplos, a necessidade de uma gramática que trate as partes do discurso como elementos que atuam na codificação que se realiza no texto.

Reflexões sobre o estudo da gramática nas escolas de primeiro e segundo grau.

Em pesquisas realizadas com professores do ensino médio foi constatado a substituição do ensino da gramática normativa pelo ensino da gramática descritiva, conservando-se porém, a idéia de que a finalidade da gramática é levar o aluno a falar e escrever melhor. Fica evidente que se pensa em uma gramática de atuação que se resume em adequação aos propósitos comunicativos e aos padrões sócios culturais determinados. Cabe ressaltar que somente através do desenvolvimento de atividades de reflexão sobre a língua e seu funcionamento se pode chegar aos propósitos comunicativos, ou seja, só pela reflexão sobre a língua se chega ao sistema que a regula.

NEVES, M.H.M. A gramática: história, teoria e análise, ensino. São Paulo: Editora Unesp, 2002.
 
 
Geralda Luiza da Silva da Cunha 168.558
Cibele Aparecida Brandão 163.369
Joyce Cristina Leme Gomes 163.388
Daniela Feitosa de Sousa 170.385

Língua Portuguesa A - Sintaxe - Letras - Prof. Dr. José Miguel Mattos - UBC

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