8 de junho de 2009

Resenha: O QUE É INDÚSTRIA CULTURAL?

O livro “O que é Indústria Cultural?”, 99 páginas, 2003, Brasiliense, foi escrito por Teixeira Coelho, conta com 4 capítulos: Indústria Cultural, Cultura Industrial; Alienação e Revelação na Indústria Cultural; Indústria Cultural no Brasil; Perspectivas Diante da Indústria Cultural. A obra conta também com a sessão Indicações de Leitura, Biografia do Autor e finaliza com assuntos abordados na Coleção Primeiros Passos.

Observa-se que, no primeiro capítulo, Coelho (2003, p.8) introduz ao leitor, a definição da Indústria Cultural. O autor comenta que, “a indústria cultural é um daqueles objetos de estudo que se dão a conhecer às ciências humanas antes por suas qualidades indicativas, ou aspectos exteriores, do que por sua constituição interior, estrutural.” E, por fim, complementa que “um desses traços indicativos é exatamente o da ética posta em prática por essa indústria”.

O autor aponta que “indústria cultural”, “meios de comunicação” e “cultura de massa” são interpretadas como sendo termos sinônimos, entretanto um depende do outro. Ou seja, para que a indústria cultural exista é necessário que haja “o meio de comunicação” para que atinja o seu objetivo a sociedade “cultura de massa”. Coelho (2003) cita “o jornal” como exemplo, pois este seria considerado como indústria, devido a sua produção em massa. Entretanto, este é um meio de comunicação, pois visa atingir o receptor. E dentro desse meio de comunicação “jornal” seria transmitido algo referente à cultura de massa “o romance de folhetim”, “o cartaz”, por exemplo. E como tudo que é industrializado, a cultura também pode ser trocada por dinheiro e renovada para que continue sendo consumida.

Coelho (2003) cita, ainda ao fundamentar sobre Indústria Cultural, Dwight MacDonald quando este menciona sobre o fato da sociedade ser dividida em três formas de demonstração cultural: superior, média (midcult) e a inferior (masscult). De acordo com MacDonald, a cultura superior é tudo aquilo que vem do erudito, como as pinturas do Renascimento, por exemplo. A cultura média (midcult), por sua vez, possui uma linguagem artificiosa e mais fácil de ser compreendida. Já a cultura de massa (masscult) é uma cultura proveniente dos meios de comunicação.

Percebe-se que o autor, ao classificar a sociedade em três tipos de cultura, faz alusão há três camadas sociais presentes: classe alta, classe média e baixa, respectivamente. E essa classificação, como pode ser notada e mencionada anteriormente, faz inferência ao capitalismo, ou seja, o objetivo da indústria cultural é fazer girar o capital, pois a o produto é comumente trocado por dinheiro.

Entretanto, para o autor há diferença entre cultura de massa e a cultura popular. Segundo o Coelho (2003, p.20) esses termos se complementam, pois esta “é uma das fontes de uma cultura nacional, mas não é a fonte” (grifo do autor). O autor define a cultura popular como sendo abrangida pelas verdades e pelos valores positivos, pois são produzidas pelas mesmas pessoas que as consomem.

Segundo Coelho (2003), em seu segundo capítulo, a indústria cultural aliena o indivíduo, visto que o força a tomar uma posição diante da sociedade. E uma das primeiras funções daquela, seria enfatizar o entretenimento em seus produtos. Entretanto, ela torna os produtos mais atrativos, influenciando as pessoas com o intuito de culminar o comércio.

Embora a cultura industrial seja considerada alienante, Coelho (2003) afirma que, é possível determinar como os veículos da indústria cultural operam, pois, está ligada a natureza do veículo (grifo do autor). E ressalta que é possível saber quem engendrou o produto, visto que pode ser encontrado os vestígios, as marcas do seu idealizador, embora esses traços estejam invisíveis, eles se tornam visíveis quando analisados. Ele menciona também que, segundo MacLuhan, é possível analisar a mensagem do veículo de comunicação e definir se é frio ou quente, mas que para isto depende de sua qualidade. Para exemplificar, citou a televisão como sendo um meio de comunicação frio devido aos ruídos presentes (era o que acontecia na época em que MacLuhan pesquisava sobre o assunto) e o cinema como sendo quente, pois a imagem e o áudio são ótimos. Outra maneira de analisar o como dos veículos de comunicação é através da semiótica (esse estudo é o utilizado atualmente), ou seja, através da maneira como operam os significados (grifo do autor). Para compreender os signos, o autor menciona que, baseando-se em Charles S. Pierce, é possível distinguir os signos em três tipos: ícone (ou signo icônico), índice e símbolo (ou signo simbólico).

No terceiro capítulo, Coelho (2003) faz uma menção quantitativa a respeito dos veículos de comunicação - emissoras de televisão, jornais, rádios, revistas etc. - presentes no Brasil até o ano de 1980 (data da primeira edição do livro “O que é indústria Cultural”). Porém, muitos veículos de comunicação se fizeram e desfizeram, então seria interessante ser atualizado esse tópico. Quanto ao traço qualitativo, o autor ressalta que um aspecto da indústria cultural é a homogeneização, pois visa atingir a cultura de massa. Outro aspecto da indústria cultural é a heterogeneidade devido à permanência do grotesco. Essa permanência se deve a ausência de conflitos entre a cultura superior e a cultura de massa, pois aquela nunca foi uma entidade sólida no país. Outro aspecto a ser mencionado é a questão da permeação de elementos da cultura estrangeira e o descaso com assuntos do nosso cotidiano.

Quanto ao último capítulo, o autor faz uma revisão de sua obra oito anos após a sua primeira edição, entretanto não faz grandes alterações em sua fundamentação teórica referente ao assunto, embora alguns veículos de comunicação tenham sido aperfeiçoados como a televisão, a transmissão via satélite etc.

A obra de Coelho (2003) é fundamental àqueles que querem tomar conhecimento sobre o assunto. Entretanto, há um ponto que deve ser aprofundado e atualizado, tal como a questão do veículo de comunicação ser quente ou frio. Será que esse tópico deveria ser mesmo abordado? Porém, observar-se que Marx e MacLuhan contribuem com o novo termo que estuda os signos, ou seja, a semiótica, pois esta menciona a respeito dos “ruídos”, no quesito “elementos da comunicação”, e isso, em outras palavras, torna o veículo de comunicação frio.

Como essa obra é um item que poderia ser considerado enciclopédico, visto que auxilia ao leitor a ter um panorama geral da indústria cultural, torna-se extremamente relevante para o conhecimento do interessado. Contudo, se este quiser se aprofundar no assunto, deverá procurar outras referências bibliográficas mencionados por Coelho (2003) no final do livro.

Sendo assim, eu recomendo o livro “O que é indústria cultural?” àqueles que estejam interessados pelo assunto e também a todos os estudantes da área da Comunicação Social (Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Marketing).

COELHO, Teixeira. O que é indústria Cultural. SP: Brasiliense, 2003.

Joyce C. L. Gomes – RGM 61096 - Data: 08/06/09
Teoria da Comunicação - Prof ª. Luci Bonini

Comunicação Social/Publicidade e Propaganda
UMC – Mogi das Cruzes/SP

8 comentários:

  1. Joyce, gostei muito da sua resenha. Ficou ótima!
    Vai me ajudar muito no trabalho que farei no meu curso de Gestão Cultural =D
    beijos e sucesso!

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  2. acho que esse "anônimo" estuda comigo, até onde tenho informação somos a única turma de gestão cultural que faz um trabalho sobre esse livro. mas a resenha está ótima mesmo, parabéns

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  3. Bah, tá louco...

    E eu pensei que eu tinha sido esperto em procurar pra fazer o trabalho... Quero só ver se não vai dar m... isso (vai ter gente copiando...).

    Também sou da Gestão :D

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  4. É mesmo, sou mais um anonimo do curso de gestão, e também to fazendo o mesmo trabalho...
    Boa sorte pra todos nós... XD

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  5. olha joyce eu tenho que fazer um trabalho de sociologia sobre industria cultural , mas nao consigo encontrar aspectos negativos sobre isso...nao sei o que faço e agora ?

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    1. olha que coincidência, eu tbm tenho que fazer um trabalho de sociologia tbm, e eu procuro aspectos negativos tbm...por favor respostas

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    2. Estou de olho em vocês, vou dar zero pra quem só copiar. Eu quero os pontos negativos!!!

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