1 de setembro de 2009

História da Propaganda no Brasil: Uma história sob o ponto de vista dos publicitários.

Renato Castelo Branco, Rodolfo Lima Martesen e Fernando Reis fizeram uma compilação de artigos produzidos por renomados publicitários que participaram ativamente da história da comunicação no Brasil. A obra intitulada “História da Propaganda no Brasil” aborda a trajetória, não linear, de fatos ocorridos no Brasil no que concerne a evolução tanto da comunicação quanto da publicidade. A obra estrutura-se em 42 artigos, além do Prefácio, Apresentação e Índice Remissivo, totalizando 485 páginas. Percebe-se, ao ler os artigos, que os autores iniciam-nos na 1º ou na 3º pessoa do singular.

Os publicitários enfatizam em seus artigos o aspecto histórico da propaganda brasileira: desde quando surgiu; enumerando as agências que marcaram nome e época no Brasil; mencionando os principais veículos de comunicação (Revista, Rádio, Outdoor, Televisão, Jornal) e suas respectivas evoluções; abordando a criação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), da regulamentação publicitária (bem como APP, CONAR etc.); mostrando a evolução, a situação atual e as tendências do Marketing; explicitando sobre a introdução e o desenvolvimento da pesquisa; citando a profissão Relações Públicas; abordando a questão da criatividade e a sua limitação em virtude do sistema de pesquisas de mercado; comentando a introdução do conceito “dupla de criação”; abordando a importância do planejamento na campanha; ressaltando sobre artes gráficas, fotografias e jingles; permitindo a relação do consumidor com a comunicação e, e também, aferindo a economia brasileira através dos anos.

Com essa obra, percebe-se uma significante evolução na trajetória da comunicação. Essas alterações culminaram uma nova fase à publicidade no Brasil e para acompanhar tais transformações, organizaram-se conselhos reguladores tanto da ética profissional quanto ao veículo de comunicação. As grandes cidades obtiveram uma demanda grande de anúncios. No passado, não era padronizado o tamanho dos outdoors e, em muitas vezes, eram colocadas peças concorrentes lado a lado. E há algum tempo, a prefeitura de São Paulo restringiu muitos locais e também retirou muitas peças (senão todas) das ruas da maior cidade da América Latina com o intuito de melhorar o seu visual.

Baseando-se na análise das campanhas do Fusca, é possível perceber as transformações na mídia televisiva. No início, não havia VT e muitas “gafes” foram cometidas ao vivo e, por mera fatalidade, os espectadores presenciaram. Porém, ao assistir o comercial realizado pela agência, tendo a atriz Regina Duarte como garota propaganda, percebe-se um truncamento quando ela sai com o Fusca. Será que essa parada poderia ser considerada como uma falha na gravação, na edição ou proposital? Mas, ao se tratar das gafes, e graças ao VT, tornou-se uma diversão para os espectadores no programa “Falha Nossa” da rede Globo, utilizando os erros de gravações de novelas, seriados (etc.) da própria emissora como estratégia para aumentar a audiência. Mas, voltando às campanhas do Fusca, sob o prisma da televisão, encontram-se muitos ruídos tanto no som quanto na imagem. E utilizando-se delas, através das 4 décadas do Fusca e 1 década do New Beetle, é possível verificar a evolução e a introdução de novos conceitos e programas em que auxiliam na criação, pois, nas duas últimas décadas, o design gráfico já estava presente, evitando o desperdício de tempo que se tinha com os trabalhos manuais. Outro ponto que podemos observar diante das campanhas, é a introdução das cores nas televisões pretas e brancas, tornando-as mais atrativas aos espectadores e auxiliando os anunciantes a persuadirem os seus targets/ prospects eficientemente.

Da mesma maneira que houve a evolução da propaganda na televisão, ocorreu nas peças de jornais e revistas. Muitas das campanhas do Fusca, ou Volkswagen Sedan como era conhecido anteriormente, foram veiculadas na revista “O Cruzeiro” e, no tom sépia e/ou preto e branco, foram ganhando cores arrojadas nas propagandas do Fusca na década de 80/90, e do New Beetle em 2000. Porém, como as propagandas são antigas, algumas delas possuem ruídos impossibilitando a sua leitura e uma análise mais profunda.

Como a televisão foi criada depois do rádio, este chegou ao Brasil para transmitir informações no período da Segunda Guerra Mundial. Então o processo de criação e propaganda girava em torno deste veículo, capacitando os profissionais e promovendo jingles e programas interessantes que seriam direcionados à televisão futuramente. Mais tarde, houve a criação do modo FM, perdendo um pouco a questão de transmissão de informação e publicidade e cedendo lugar a música, entretenimento com uma cara mais jovial e descontraída. Os jingles, por sua vez, por serem curtos e repetitivos são memorizados facilmente, permitindo com que a marca da empresa sempre fique em evidência. É o caso do jingle “não adianta bater que eu não deixo você entrar...” das lojas Pernambucanas que foi ao ar na década de 60 e até hoje é recordado pelas pessoas. E a mesma história se repete com o Besouro da Volkswagen. E também com outros produtos de outras empresas.

Portanto, conhecer a história é fundamental para se ter idéia de como será o seu futuro. A obra trás vários pontos interessantes e pertinentes para o Brasil, pois, toda história brasileira está entrelaçada com a comunicação e a sua respectiva evolução, sem mencionar a economia. Essa obra é extremamente importante para os comunicólogos e historiadores para utilizá-la sempre que for necessária, sem mencionar os estudantes da área da publicidade e seus respectivos professores.

SOBRE OS AUTORES....

Renato Castelo Branco.
Escritor e publicitário, ex-presidente da J. Walter Thompson do Brasil e vice- presidente da J. W. Thompson Company (E.U.A.). Fundador e ex-presidente da CBBA, Castelo Branco e Associados. Fundador e ex-presidente do Conselho Nacional da Propaganda. Membro do Conselho Superior da ESPM e presidente do Instituto Brasileiro de Altos Estudos de Comunicação Social – IBRACO. Presidente do Conselho da HCA Comunicação.

Rodolfo L. Martensen.
Escritor e publicitário. Ex - presidente da Lintas Worldwide para o Brasil e América do Sul. Fundador e presidente da Escola Superior de Propaganda e Marketing por vinte anos. Atualmente é consultor de marketing e comunicação. Presidente dos conselhos superiores ESPM e IBRACO.

Fernando Reis.
Diretor executivo da ABAP, desde 1979. Jornalista e publicitário. Começou como redator na Standard, na década de 40. Trabalhou também ma Internacional (Rio), MPM, P. A. Nascimento, Esquire e Sell. Foi editor do Anuário Brasileiro de Propaganda, Revista Propaganda, Carta do Mídia, Meio & Mensagem e, mais recentemente, Notícias da ABAP. Como colunista publicitário, escreveu na Folha de Minas, Folha de S. Paulo, Popular da Tarde e Jornal da Semana. Foi um dos primeiros jurados do Prêmio Colunistas.

E PARA FINALIZAR, A AUTORA DESSE TEXTO É....

Joyce C. L. Gomes.
Acadêmica graduando-se em Comunicação Social / Publicidade e Propaganda da Universidade de Mogi das Cruzes e professora Licenciada em Letras pela Universidade Braz Cubas (2004).

REFERÊNCIA:

BRANCO, Renato C.; MARTENSEN, Rodolfo L. e REIS, Fernando. História da Propaganda no Brasil. SP: T. A. Queiroz, 1990.

Um comentário: